Quais são as possíveis lesões de menisco?
Postado em: 02/09/2025
Os meniscos são duas estruturas muito importantes para o correto funcionamento do joelho. Atuam como amortecedores, estabilizadores e protetores da articulação, funções que você pode entender melhor neste outro conteúdo.

Apesar da sua importância, o menisco está bastante sujeito a lesões. Mas será que toda lesão meniscal é igual?
Saber diferenciar os tipos de lesão é fundamental para definir o tratamento mais adequado e entender o prognóstico do paciente. Vamos explorar essas diferenças nos próximos tópicos.
Lesões traumáticas vs. lesões degenerativas
Uma das principais formas de classificar as lesões meniscais é diferenciando entre lesões traumáticas agudas e degenerativas crônicas. Apesar de ocorrerem na mesma estrutura, essas duas categorias têm causas, sintomas e tratamentos bem distintos.
Lesões traumáticas agudas
- Costumam ocorrer em pacientes mais jovens.
- Estão associadas a movimentos bruscos, como torções, impactos ou traumas esportivos.
- Muitas vezes, vêm acompanhadas de lesões ligamentares (como do LCA).
- São mais comuns em esportes de contato, giros repentinos ou mudanças de direção.
- Geralmente têm indicação cirúrgica, principalmente quando há sintomas mecânicos como travamento ou bloqueio do joelho.
Lesões degenerativas crônicas
- São mais frequentes em pacientes acima dos 40 anos.
- A causa costuma ser o desgaste progressivo, associado ao envelhecimento.
- Nem sempre o paciente lembra de um episódio específico que causou a dor.
- Podem estar associadas a outras alterações degenerativas, como condropatias ou sinais iniciais de artrose.
- Na grande maioria dos casos, o tratamento é conservador (sem cirurgia) — com fisioterapia, fortalecimento muscular, controle da dor e mudanças no estilo de vida.
- A cirurgia fica reservada para casos com falha do tratamento clínico ou sintomas mecânicos persistentes.
Essa diferenciação é essencial na consulta ortopédica. Duas lesões no menisco podem parecer semelhantes em imagem, mas exigirem caminhos terapêuticos bem diferentes.
Localização conforme zonas de vascularização do menisco
Outro fator que influencia diretamente no prognóstico de uma lesão meniscal é a vascularização do tecido, ou seja, o quanto de sangue chega até a área lesionada.
O menisco, apesar de pequeno (cerca de 1,2 a 1,5 cm de largura), não é todo bem irrigado. Por isso, dividimos essa estrutura em três zonas, com base no grau de vascularização:
- Zona vermelha-vermelha: mais externa, próxima à cápsula articular; possui boa vascularização.
- Zona vermelha-branca: intermediária; tem vascularização parcial.
- Zona branca-branca: parte interna, junto à borda livre; sem vascularização.
Por que isso importa?
- Lesões na zona vermelha-vermelha têm mais chance de cicatrização espontânea ou com reparo cirúrgico.
- Lesões na zona branca-branca têm baixíssimo potencial de cicatrização, e por isso, muitas vezes são tratadas com ressecção da parte lesionada (meniscectomia parcial).
- Com o envelhecimento, a zona vermelha-vermelha se reduz, e a branca-branca se expande. Isso explica por que as chances de reparo meniscal são maiores em pacientes jovens.
Essa classificação ajuda o ortopedista a decidir entre suturar, retirar parte do menisco ou adotar condutas mais conservadoras.
Localização conforme região anatômica
Além da vascularização, também podemos localizar a lesão meniscal com base na região anatômica afetada.
Essa divisão é importante para entender:
- Quais sintomas estão relacionados à lesão.
- Qual técnica cirúrgica é indicada, se necessária.
- Qual o grau de comprometimento da função meniscal.
As principais regiões do menisco são:
- Raiz anterior
- Corno anterior
- Corpo meniscal
- Corno posterior
- Raiz posterior
Cada região tem implicações clínicas e biomecânicas diferentes. Por exemplo, lesões na raiz posterior costumam afetar fortemente a função de amortecimento e têm maior risco de acelerar o processo de desgaste articular (extrusão meniscal).
Tipos de lesão conforme a morfologia da lesão
A morfologia (formato) da lesão também influencia na tomada de decisão clínica. O aspecto da ruptura pode indicar se a lesão tem origem mais degenerativa ou traumática, além de apontar se é possível realizar um reparo eficaz.
Tipos básicos de lesão
- Lesão horizontal: comum em degeneração, divide o menisco em duas lâminas.
- Lesão vertical longitudinal: paralela ao eixo do menisco; pode evoluir para “alça de balde”.
- Lesão vertical radial: corta o menisco de forma perpendicular, afetando sua função de distribuição de carga.
- Lesão meniscocapsular: na junção entre menisco e cápsula; comum em instabilidades.
Combinações que formam lesões especiais
- Lesão em alça de balde: deslocamento de uma parte do menisco para o centro da articulação, podendo travar o joelho.
- Lesão da rampa meniscal: acometimento da região posterior do menisco medial, muitas vezes associada a lesão do LCA.
- Lesão da raiz meniscal (anterior ou posterior): compromete diretamente a função de absorção de impacto, como se o menisco perdesse sua “âncora”.
- Extrusão meniscal: menisco deslocado para fora da articulação, geralmente associada à artrose.
- Lesões complexas: combinação de vários tipos, comuns em pacientes com degeneração avançada.
Esses padrões mais avançados exigem avaliação cuidadosa e, muitas vezes, um planejamento cirúrgico individualizado.
Um mesmo joelho, muitos cenários: entendendo para tratar melhor
A diversidade de lesões meniscais mostra que não existe uma receita pronta para todo mundo. Cada lesão tem sua causa, seu comportamento e seu impacto na vida do paciente.
Entender a origem (traumática ou degenerativa), a região afetada (zona ou anatomia), e o padrão da lesão (morfologia) é como montar um quebra-cabeça: cada peça ajuda a construir o melhor plano de cuidado.
Enquanto algumas lesões exigem cirurgia, outras se beneficiam de um bom trabalho conservador, com fisioterapia, fortalecimento muscular e reeducação funcional.
Em qualquer caso, o diagnóstico preciso e o acompanhamento com um especialista fazem toda a diferença para preservar a função do joelho, evitar artrose futura e garantir uma vida ativa e sem dor.
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Ortopedista de Joelho
CRM: 161.636
RQE: 85460