Como acontece a Lesão no Menisco? Causas e diferenças entre rupturas traumáticas e degenerativas
Postado em: 14/08/2025
Os meniscos são estruturas fundamentais para manter a saúde e o bom funcionamento dos nossos joelhos.

Agem como amortecedores naturais entre o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso da perna), protegendo as superfícies articulares do impacto e garantindo a estabilidade durante os movimentos.
A lesão de menisco é uma das causas mais comuns de dor no joelho, e pode ocorrer tanto por traumas diretos, como em esportes, quanto pelo desgaste progressivo da articulação ao longo dos anos.
Curiosamente, nem toda lesão causa sintomas imediatos. Algumas são assintomáticas e descobertas apenas em exames de imagem. Outras, no entanto, são extremamente incapacitantes e alteram completamente a rotina do paciente.
Uma dúvida recorrente no consultório é: “Mas doutor(a), como eu rompi meu menisco?”
A resposta pode ser mais complexa do que parece, porque as lesões meniscais são, em grande parte, multifatoriais. Isso significa que não existe uma única causa clara, mas sim um conjunto de fatores que contribuem para o rompimento ou desgaste do menisco.
Entendendo os tipos de lesão meniscal
Antes de tentar descobrir “como” a lesão aconteceu, é importante entender que existem dois tipos principais de lesão meniscal: as lesões traumáticas e as lesões degenerativas. Vamos relembrar rapidamente essa diferença:
Lesões traumáticas (ou agudas)
- Mais comuns em pacientes jovens e fisicamente ativos.
- Acontecem após um movimento brusco ou um mau-jeito no joelho — como uma torção, salto mal executado ou mudança de direção abrupta.
- Frequentemente associadas a esportes de contato ou alta intensidade (futebol, basquete, artes marciais).
- Podem vir acompanhadas de lesão em outras estruturas do joelho, como o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) ou a cartilagem.
- Tratamento cirúrgico é mais comum, especialmente se houver sintomas mecânicos como travamento articular.
Lesões degenerativas (ou crônicas)
- Mais frequentes em pessoas acima dos 40 anos, mas também podem surgir antes.
- Não costumam estar ligadas a um trauma específico.
- A dor aparece de forma gradual, aumentando com o tempo, e geralmente está relacionada ao desgaste do joelho como um todo.
- Costuma vir acompanhada de outras alterações articulares, como condropatia e sinais iniciais de artrose.
- O tratamento inicial costuma ser conservador (sem cirurgia), com fortalecimento muscular, controle da dor e reeducação postural.
Mas então… como exatamente meu menisco rompeu?
Essa é a pergunta de ouro, e a resposta é: depende do seu histórico, rotina e tipo de lesão.
Se a lesão for traumática…
É mais fácil identificar o momento exato:
- “Torci o joelho jogando bola.”
- “Senti um estalo ao agachar.”
- “Tive um entorse ao descer escadas correndo.”
Nesses casos, a dor geralmente é súbita e intensa. O paciente pode relatar inchaço, bloqueio do joelho ou sensação de instabilidade. É o típico caso de lesão meniscal com data marcada.
Se a lesão for degenerativa…
A história é diferente. O paciente costuma dizer:
- “Comecei a sentir dor aos poucos.”
- “Meu joelho incha depois de caminhar muito.”
- “Sinto que ele está mais duro, travando de vez em quando.”
Aqui, a lesão se instala de forma lenta e progressiva. Não há um trauma claro, e muitas vezes o menisco já apresentava sinais de fragilidade. Pequenos movimentos do dia a dia, como agachar ou levantar da cama, podem desencadear sintomas.
Além disso, o envelhecimento natural do tecido meniscal reduz sua capacidade de absorver impactos e se regenerar. Com isso, uma fissura pequena pode evoluir para uma rotura mais significativa.
Pode haver sobreposição?
Sim. É totalmente possível que um menisco já enfraquecido por degeneração acabe rompendo após um movimento mais brusco. Isso explica por que muitos pacientes relatam:
“Eu só fui levantar da cadeira e meu joelho travou.”
Nesses casos, houve uma combinação de fatores: um tecido vulnerável, um gesto rotacional e talvez até uma predisposição anatômica. Por isso, o diagnóstico da lesão deve sempre levar em conta o histórico clínico, exame físico e os exames de imagem.
Dor, travamento ou estalo? Talvez a lesão já estivesse lá…
Nem sempre a ruptura do menisco ocorre de forma espetacular. Muitas vezes, o que parece ter sido “um passo em falso” foi apenas a gota d’água em uma estrutura que já estava fragilizada.
Saber identificar os sinais precoces, entender o tipo de lesão e buscar orientação médica são passos fundamentais para evitar o agravamento do quadro.
Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de preservar o menisco, evitar cirurgias maiores e manter a qualidade de vida.