Menisco Discoide: o que é, quando tratar e como evitar complicações
Postado em: 10/09/2025
O menisco é uma estrutura fundamental para a saúde e funcionamento dos nossos joelhos.
Quando há alguma alteração anatômica ou lesão nesse tecido, o impacto pode ser grande: dor, limitação funcional e até desgaste articular precoce, com evolução para artrose de joelho.

Cada joelho possui dois meniscos, um medial (do lado de dentro) e um lateral (do lado de fora), localizados entre o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso da perna). Eles têm formato semelhante à letra “C”, com largura média entre 12 e 15 mm.
No entanto, em alguns pacientes, esse formato típico é substituído por uma variação anatômica: o menisco discoide.
O que é o menisco discoide?
O menisco discoide ocorre quando o menisco tem um formato mais largo e achatado, ocupando uma área maior do que o normal. É como se a parte central do “C”, que deveria ser aberta, fosse preenchida, ficando com aspecto de um disco (daí o nome “discoide”).
Essa condição pode afetar tanto o menisco medial quanto o lateral, embora seja muito mais comum no menisco lateral.
Ela pode ser classificada de três formas:
- Parcial: apenas parte do menisco apresenta o formato discoide.
- Total: toda a estrutura meniscal tem formato de disco.
- Associado à inserção anômala: além do formato alterado, a raiz meniscal (inserção na tíbia) também apresenta anormalidades.
Quais os riscos do menisco discoide?
Pacientes com menisco discoide têm maior predisposição para sofrer lesões meniscais, mesmo sem um trauma direto.
Isso ocorre porque o menisco discoide, por ter uma forma e estrutura diferentes, é mais suscetível a degeneração, rupturas e alterações funcionais.
Algumas características típicas:
- Lesões costumam acontecer em pacientes mais jovens, inclusive crianças e adolescentes.
- Nem sempre há um histórico de entorse ou trauma.
- Muitas vezes, os primeiros sintomas aparecem com a prática esportiva ou em atividades que exigem flexão e rotação do joelho.
- Estalos, dor ou bloqueios podem ser sinais de alerta.
Quando o menisco discoide precisa de tratamento?
Depende. Em casos assintomáticos, ou seja, quando o paciente tem o menisco discoide mas não apresenta dor ou limitações, não é necessário realizar nenhum procedimento.
A recomendação é apenas o acompanhamento periódico com o ortopedista, para identificar precocemente possíveis complicações.
Por outro lado, quando o paciente apresenta sintomas (dor, inchaço, travamento, limitação de movimento), a lesão associada pode exigir tratamento específico. Em alguns casos, até cirúrgico.
Como é feito o tratamento?
O tratamento pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas, idade do paciente e tipo de alteração associada. Em geral, temos duas possibilidades:
Tratamento conservador
Indicado para:
- Casos leves, sem sintomas mecânicos.
- Pacientes com boa resposta a fisioterapia e analgesia.
- Lesões pequenas ou estáveis.
Inclui fisioterapia, controle da dor, fortalecimento muscular e reeducação funcional.
Tratamento cirúrgico
É mais comum, principalmente quando há:
- Bloqueio articular.
- Rotura associada.
- Instabilidade ou alteração da inserção do menisco.
A cirurgia normalmente envolve:
- Saucerização: remoção da parte excessiva do menisco para deixá-lo com um formato mais anatômico.
- Reparo de lesões: sutura de áreas rompidas que ainda podem cicatrizar.
- Fixação na tíbia: quando há alteração na inserção, o menisco pode ser fixado novamente ao osso.
O objetivo é sempre preservar o máximo possível do tecido meniscal, para evitar complicações futuras, como desgaste precoce ou artrose.
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Menisco discoide: uma variação que merece atenção redobrada
O menisco discoide não é, por si só, uma sentença de dor ou cirurgia. Muitas pessoas convivem com essa variação sem sequer saber.
Mas ele representa uma estrutura mais vulnerável, principalmente em jovens e, por isso, exige cuidado e vigilância.
A chave está no diagnóstico precoce e no acompanhamento ortopédico regular. Com uma boa avaliação, é possível evitar lesões mais graves, preservar a função do joelho e manter a qualidade de vida a longo prazo.
Se você sente estalos, travamentos ou desconforto persistente no joelho, não ignore. Um exame simples pode revelar o que está por trás desses sinais, e permitir o tratamento adequado, antes que a lesão se torne mais complexa.
Ortopedista de Joelho
CRM: 161.636
RQE: 85460